E quem nunca se sentiu sozinho nessa vida?
Todo mundo é tomado, uma hora, pela solidão. Sensação ruim que entorta a espinha dorsal do contentamento. Não dá pra se contentar. É estar na frente da fogueira e não sentir calor. Estar rodeado de pessoas já não tem peso. Ficamos magrinhos. Perdemos as forças e, por consequência, a vontade de prosseguir é colocada no cabide. Solidão consome mais que álcool. Há quem consiga disfarçá-la pra festa e embebedá-la, mas amanhã continuará lá.
Esperamos por uma carta que se extraviou, uma mensagem que não acompanha um amor, uma ligação que não toca os ouvidos, amigos que se perdem do nosso campo de visão. Parece que a vida fez contrato com o universo para que, nesse momento, você possa se sentir a única pessoa no planeta. E pior do que se achar a única pessoa no planeta, é se achar a última. O desespero passa a dormir no sofá da sala pra te avisar da presença.
É uma “Lei de Murphy”, que só piora. Ir ao cinema, sem companhia, tornou-se o “point”. Os finais de semana são a tortura em forma de dias. Um feriado só serve para melhor acomodar a faca no peito pra doer mais.
Qualquer momento de distração em que você possa esquecer o mundo já é lucro.
Não podemos esquecer que a sua solidão promove as festas dos outros: seus amigos vão estar ocupados demais fazendo coisas legais por aí enquanto você resmunga uns palavrões pro telefone que vai descarregar.
É assim. Mas o que conforta é que, independente da fase boa ou ruim, ela vai mudar. Quase tudo muda. As histórias tendem a se reverter. Algumas pessoas voltam atrás. E a solidão é apenas um momento para que você aprenda a dar valor a algumas coisas que você não havia percebido antes. Não procure respostas; reinvente as perguntas. Não cansar das mentiras é desconfiar da verdade.
Solidão é uma mesa no meio do quintal em uma tarde de domingo.
Leandro Lima