quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Duas situações


Deixando o sentimentalismo um pouco de lado...

Primeira situação que eu quero colocar aqui é sobre o sistema de saúde público. Se, por ventura, você ficar doente, não tiver um plano de saúde particular, precisar de assistência médica e for depender do público, morra logo! Se não quiser morrer logo, não se preocupe: as frustrações que você vai passar lá vão te fazer ter um ataque do coração e as chances de você morrer antes da consulta é de 1 em 2. 
É melhor você morrer mesmo do que ter que esperar a “boa vontade” dos “outros” para marcar a consulta. Fui ao SUS fazer uma pesquisa de faculdade e voltei para casa confirmando minha decepção (já fui perdendo pra mim mesmo acreditando que poderia ser diferente).
Você não precisa chegar muito cedo para conseguir uma senha, mas, de preferência, chegue lá lá pelas 5 da manhã que já deve ser suficiente (e leve um lanchinho e o almoça também). Depois de passar uma manhã inteira esperando que algum atendente analise o seu “caso” e escolha entre ser “prioridade” ou “não-prioridade” (é, porque ainda tem essa: se você estiver ficando cego não é problema ainda, mas se você chegar lá com os olhos nas mãos aí sim é prioridade...), aí você consegue a bendita senha e entra em outra bendita fila para tentar agendar a consulta (mais uma manhã de entretenimento com a sua paciência). Resumindo, vi algumas pessoas que conseguiram agendar a consulta para daqui a cinco (5) meses (a consulta, fora os exames que você tem voltar dentro de 10 anos para fazer e mais 10 anos para pegar).
Gente, isso é brincar com a paciência e com a saúde das pessoas. É vergonhoso e humilhante ver tudo isso e pensar que pagamos infinitos impostos para a melhoria exatamente dessas coisas e quando você precisa percebe que nada mudou. E, enquanto isso, entretenha sua doença (ou seja lá o que for que você tiver) com algum jornalzinho desses que só fala da morte dos outros pra ela não pensar na sua, por enquanto.  

Segunda Situação...

Não sei para quê servem as p*#$% das garantias dos produto que compramos, porque se a garantia do produto é de três (3) meses ele vai dar problema no quarto (4º) mês. E se isso acontecer antes do prazo e você for atrás dos seus diretos, como consumidor, a empresa vai fazer de tudo para não cobrir os gastos. Olha só que interessante o que dizia no tal papelzinho da Garantia de um relógio que comprei esses dias:

“A Garantia do produto adquirido é de três (3) meses a contar da data de compra e a Garantia não se estende a tais peças que não fazem parte do produto: caixa, pulseira, vidro, pino, bateria.”

E o que p&%¨*, então, faz parte do relógio?!

Dia desses meu notebook teve um probleminha de sistema e como no manual dizia:

“Garantia de um (1) ano para peças e serviços”

Fui lá na assistência autorizada e tals (5 meses de uso, então tá dentro do prazo, vou lá todo garotão...). Quando fui atendido o atendente disse que a Garantia não dava suporte ao Sistema Operacional da máquina e que eu teria que pagar uma taxa de R$45,00 só para descobrir o qual era o problema e daí entraria em contato com a empresa para solicitar a peça (caso fosse peça) e isso tudo levaria em torno de um (1) mês para me devolverem o meu notebook e aí já viu, né?! E mais, ainda teria que pagar mais R$120,00 para eu não perder os dados contidos no meu HD ou R$90,00 para eu perder mesmo. Eu disse: “Beleza, fui!”. Cheguei em casa e entrei no sistema de configuração do rapazinho (do notebook) e adivinha!! Só fiz configurar o diretório do HD que ele não tava encontrando... Era uma coisa tão besta de se consertar que as pessoas querem se beneficiar em cima disso. Imagina se eu tivesse deixado o rapazinho lá. Iria dar uma grana de graça pr’aquela assistência incompetente. O nome disso é CAPITALISMO. Falei!


terça-feira, 29 de setembro de 2009

Vou Ficar Bem



Inspirado na música "Gone Away" do Safetysuit...

Penso na vida e vejo como tudo muda muito rápido e em como as coisas não duram por muito tempo. Esperamos ansiosos para alcançar algo que nem sempre sabemos o que é.

Penso no tempo e confirmo que felicidade é coisa difícil de se encontrar e descubro o motivo de como a desperdiço aqui, sentado, longe de você.

Mas eu vou ficar bem, não se preocupe! Tenho pressa de não ficar aqui, por enquanto, pra te dizer todas as coisas que ainda não tive coragem. Sentirei falta de você, mas vou ficar bem.

Penso em você e em cada minuto que passamos juntos. Lembro do casal perfeito que formávamos quando estávamos longe um do outro. Lembro das histórias que inventávamos pra disfarçar o tédio.

Penso no amor e lembro daquela linda música que nos vestia no momento da dança. Fiz uma música que só você conheceu e hoje eu canto para o mundo ouvir que te amo.

Mas não se preocupe, vou ficar bem! Eu cuido do tudo. Só diga que vai ficar tudo bem que eu entro de volta no sossego da minha agonia.

Não sei se descobrirá, um dia, que ainda te amo, mas não se preocupe!

Eu vou ficar bem.

Leandro Lima

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

VOCÊ ME PEDIU UM CIGARRO

Fabrício Carpinejar

Você foi covarde. Seu amor é forte, seu corpo é fraco. Você foi covarde como tantas vezes fui por acreditar que a coragem viria depois. A coragem não vem depois. A coragem vem antes ou não vem. Não posso amaldiçoar sua covardia. Sua boca não é rápida como suas pernas para me agarrar. Minhas pernas não são tão rápidas quanto minha boca para lhe impedir.
Você foi covarde. Pela gentileza de sempre dizer sim, repetidos sim, quando não estava ouvindo.
Já desfrutei de sua covardia, ríspido recusá-la agora porque não me favorece. Porque não fui escolhido.
Não aquecerei seu prato para servi-la. Não a ajudarei no parto. Não partirei. Serei aquele que deveria ter sido, enterrado sem morrer, o que desapareceu permanecendo perto.
Sou seu constrangimento mais alegre. Sua ferida, seu feriado.
Com o tempo, serei sua vontade de se calar. De se retirar da sala.
Não conhecerá meus hábitos de puxar o café antes de ficar pronto. De abrir as venezianas como quem procura reunir os chinelos ao vento.
Você foi covarde, ninguém iria compreendê-la. Hoje todos a compreendem, menos você mesma. Você não se compreende depois disso.
O que é imenso é estreito. O que é infinito fecha. Até o oceano tem becos e ruas sem saída. Até o oceano.
Sua esperança não diminui a covardia. Quer um conselho? Finge que a dor que sente é a minha para entreter sua dor.
Saudades ficam violentas quando mudamos de endereço. Saudades ficam insuportáveis quando mudamos de sentido.
Você confunde sacrifício com covardia. Compreendo. Eu confundo amor com loucura. Cada um tem seus motivos, sua maneira de se convencer que fez o melhor, fez o que podia.
Você me avisou que não tinha escolha. Nunca teria escolha. Você foi educada com a vida, pediu licença, agradeceu os presentes. Confiou que a vida logo a entenderia. E cederia. Engoliu uma palavra para dormir.
Não serei vizinho de seu sobrenome. Seus nomes esperam um único nome que ficou para trás.
Você não desencarnou, não se encarnou, deixou sua carne parada nas leituras.
Morrer é continuar o que não foi vivido. Vai me continuar sem saber.
Você foi covarde. Com sua ternura pálida, seu medo de tudo, sua polidez em cumprir as promessas.
Você não aprendeu a mentir. Tampouco aprendeu a dizer a verdade.
O dia está escuro e não soprarei a luz ao seu lado. O dia está lento e não haverá movimento nas ruas.
Você não revidou nenhuma das agressões, não revidará mais essa.
Você foi covarde. A mais bela covardia de minha vida. A mais comovida. A mais sincera. A mais dolorida.
O que me atormenta é que sou capaz de amar sua covardia. Foi o que restou de você em mim.

domingo, 27 de setembro de 2009

?





O vazio toma conta do meu corpo. A carne padece sem a sua presença. Minhas mãos tocam o rosto num gesto desesperado por você. Quando acordei você foi o meu primeiro pensamento e a minha última oração. Fiz de tudo para calar a tua voz dentro de mim e perdi de novo. É uma cola que não desgruda a vontade da alma.
Você me visita nos meus sonhos. Alegro-me ao lembrar o teu sorriso que a pureza tanto fazia questão de me mostrar. Perdi o fio do teu cabelo do meu rosto. Você não está aqui.
Tomei uma decisão com um pouquinho de água pra ver se o efeito demora a passar. Foi difícil ter que me convencer a tentar uma reconquista. Vou te reconquistar!
Deve haver uma razão para tal sentimento ainda existir. Tentei matá-lo sufocado com uma angústia inventada e logo ele percebeu que não daria jeito e se recusou a se retirar. Tentei de tudo e o sentimento não quis ir embora. Tive que aprender a lidar com ele, a conviver, a engoli-lo sem você pra me vigiar. Meu sentimento virou um amigo fiel e cruel. Vai comigo ao cinema recontar o filme que eu quase consegui assistir. Ele me alegra e me rebaixa à covardia de ainda te fazer existir. Meu sentimento não depende de você para ser, mas eu sim.
Você é o meu medo e minha alegria vestida na mesma roupa. É o céu e o inferno no mesmo quarto. É o amor e o ódio no mesmo prato.
Sou o que sou porque você me fez assim. Estou condenado à sombra do teu “eu”. Não sei o que tudo isso significa. Todos os dias eu tento entender como mantenho vivo tal sentimento que me apavora por ausência de explicação.
Amar apavora mesmo, dá na vista. É uma sensação louca que faz as pernas terem vontade própria. É uma mistura de cores que mancha a pele. É molhar mesmo sem chover. É quando o paraíso desaba, mas continua lá; eu continuei lá.
Se isso não for amor, então, eu não sei o que é!

Leandro Lima