sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Ressaca




 "Teu Sorriso Vai Ser Sempre O Meu Objetivo..."
Estou te amando. Isso! Estou te amando. Já estou mais do que envolvido no teu olhar, no teu jeito. Teu beijo se tornou meu vício. Teus braços se tornaram as mangas dos meus cílios. Uma febre de te querer por perto. Um ardor no rosto, um vapor nas mãos.
Admiro o que sente por mim. Admiro mais ainda ter me permitido ao teu sentimento. Não sei ao certo o que sente, na verdade, não quero descobrir. Nunca. Pretendo acordar todos os dias com essa dúvida para sempre retornar a você. Sempre vou atualizar o sentimento, revisitar o peito, descobrir a linguagem dos pássaros. Temos um poder invisível.
Você já se tornou a minha dúvida, o meu mistério, minha véspera, meu feriado, meu domingo. Você é a minha pergunta mais pertinente. Um zumbido aos ouvidos, a confusão dançando no meio da rua, a folha que conversa querendo saber das horas. Que horas? Quem ama não tem mais tempo. Vou viver atrasado. Vou adiar compromissos para me encontrar.
Essa é a primeira carta que escrevo com nome ao amor. O endereço exato da minha alegria, da minha falta de armadura, da minha falta de egoísmo. Uma contrapartida ao medo. Uma revolução ao meio-dia.
Teu amor me faz sentir vivo, de novo. Sinto uma força imensurável vinda do teu sorriso. Você insiste, faz de mim uma pergunta, quase pouco importa a resposta, mas quer a pergunta à frente. Você me entorpece. Insiste mais uma vez. Não estou reclamando. Aceito a insistência. Você é quem eu achava que já não existia mais: não vai desistir do amor. Isso é uma benção, uma dádiva, um presente embrulhado com ternura. Aceito tudo que vier de você. Vou agradecer pela promessa, vou surtar com a ameaça, vou enrolar todas as tristezas em jornal, vou grudar as lembranças na testa, vou pensar mais em amar do que viver com medo da chuva. Amo a chuva. Irei aonde você for.
Temos uma música-tema, temos frases que só nós conhecemos, temos os pássaros na plateia. Já criamos o nosso dialeto, fundamos juras que não podem ser abandonadas, já devoramos a paixão para chegar ao amor. Já perdemos o sossego, o verbo, o sentido, as estribeiras. Estamos perdidos. Estamos perdidos dentro do amor. Um conforto que venta, que aconchega. É sentir os cabelos esfumaçando com a ventania. Não somos mais nossos.
O amor causa ressaca. Prefiro amar lascado a ter que viver sóbrio de peito vazio.
Leandro Lima