sábado, 11 de julho de 2009

"Vou te ligar"


Quer me tirar do sério? Diga que vai ligar e não ligue! Desprezo tal frase: “vou te ligar”. Desloca-me a espinha dorsal do bom sendo ao ouvir isso bem no finalzinho de uma conversa que camufla um “tchau” que se esquece de acontecer. Abomino. Não dá para acreditar que é serio. Ouço diariamente: “Vou te ligar”, e o que acontece? As pessoas evadem, as pessoas metem! As pessoas têm mania de prometer o que não vão cumprir e se aproveitam de circunstâncias pra fazer charminho e na hora de ser digno das palavras que profanaram elas pecam. Ninguém consegue mais ser verdadeiro e se importar com o outro ser, as pessoas viraram coisas e as costas, puro objeto de jogo. Onde foram parar os desejos de encontrar alguém legal e se apaixonar loucamente? Fazer coisas loucas, se perder do trabalho por não parar de pensar naquela pessoa, lembrar do cheiro pelo tato, lembrar do jeito pelo olhar, lembrar do desenho dos cabelos pela simples vontade de rever. Tomam-se cuidados e comprimidos pra fugir de compromissos e relacionamentos. Há de se dizer daqueles que entram e saem de relacionamentos com a mesma facilidade que se entrar e sai do “shopping”, mas esses não são meu alvo de hoje. Vale também dizer que você até encontra alguém legal que pode ser válido, mas vocês provavelmente estarão em “tempos” diferentes. Você já cansou de ser “pegador” e ser visto todo final de semana com um rostinho diferente passeando só pra sair do convencional e agora, que já curtiu bastante, quer “sossegar” com o um mesmo rostinho pra todas os finais de semanas que forem possíveis, mas ela deve ter acabado um relacionamento há algumas semanas e ela quer curtir o que você já reviu e repaginou. Ficar com alguém é muito uma questão de sorte mesmo. Tem que estar no mesmo “tempo”, na mesma sintonia, na mesma vontade, no mesmo nível de beleza (pura verdade!), não pode estar “enrolado”. Tem que estar embrulhado para presente e à pronta entrega, porque com o amor é assim: rápido e quando você perceber já está sendo ou até já foi... Vale esperar? Deve valer. Eu nunca tive que esperar. Nunca até agora! Vamos acreditar que é apenas uma questão de tempo e circunstância...


Leandro L.

terça-feira, 7 de julho de 2009

“Amigo de telefone”

Leandro L.


Dedico esta ao meu amigo “Pedro”, meu “amigo de telefone”. “Pedro” é um cara normal, trabalha, estuda, namora, tem problemas como qualquer jovem de vinte anos. Mas o que intriga e chateia é a capacidade de o “Pedro” conseguir gostar da “Júlia” como se ela fosse a única coisa que importa nessa vida (posso citar pelo menos umas cinco que são mais importantes) e esquecer a sua própria vida. Esquece dos seus próprios desejos, das suas próprias vontades, dos seus próprios amigos! É triste ser conjugado por esse verbo: você foi trocado! Você passa a ser um amigo-reserva. Na vida não podemos trocar pessoas por outras, era para ser crime, era pra ser inconstitucional, inafiançável. Ainda mais quando se trata de amigos e mais ainda quando são amigos a quase uma década. Pois bem, o “Pedro” é um cara bacana, mas quando a namorada está por perto (e mesmo longe) ele não se permite ser ele mesmo. Ele se priva das vontades, dos momentos de lazer que qualquer cidadão deve ter com os amigos mesmo namorando. Ele é meu “amigo de telefone”. A gente se fala, mas só por telefone, e quando a gente se encontra pessoalmente é por tempo limitado, por hora contada, por palavra listada, porque com o “Pedro” é assim e só pode ser assim. Triste. Eu até chamaria o “Pedro” de trouxa, de bundão, de palerma, de burro, mas ela não me ouviria, porque ele deve estar muito ocupado com “outras coisas”. Não sou adepto de que amor tem que ser público, tipo: “Olhem! Esse é o meu amor!”, que deve ser mostrado, exibido em TV aberta. Sou defensor de que o amor deve ser mostrado somente para nós mesmo, pois ele só acontece dentro da gente e quando é verdadeiro dá na vista. E esse mesmo amor verdadeiro não priva as pessoas de seus amigos, faz justamente o contrário: faz questão de que você esteja com seus amigos. É um falso amor, é balela, e nem boi dorme com essa conversinha. Amor de verdade deixa livre. Quero poder gostar de alguém e que esse alguém seja livre em mim e não de mim. Mas sei lá, vai que eles se amem mesmo, embora do jeito pequeno deles, egoísta, fechado, antissocial... Mas continuamos “amigos de telefone”. Éramos. Desliguei o telefone e ela não vai mais tocar. “Pedro” não faz mais parte da lista de contato. Uma conta cancelada. Amigo tem que ser de carne e osso, teti a teti, cara a cara. Caso contrário, acontece o mesmo que aconteceu com “Pedro”: pega as contas.