quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Não Existe Mais Amor






Não existe mais amor. Acho que só se ama uma vez mesmo. Estou andando em um mar sem saída. Um oceano deixa de ter cor quando se perde a fé. Minha vida não foi mais a mesma depois de você. A vida não tem mais dias, tem longas horas de espera. Sofrer já não tem mais peso. Perdi o significado.
Não vou amar menos depois do que já amei. Não dá. Impossível. Melhor fazer as malas e voltar para casa. Esse é o caminho inverso. Desacreditar é voltar para casa. Vou recolher-me à impossibilidade do encontro.
Quanto tempo faz? Vai ser assim pra sempre...
Nesse mundo, onde nada mais é verdadeiro, aqui estou, desprovido da toda a incoerência humana que é ter esperança. Sinto que estou perdendo tempo, na verdade, não tenho mais tempo para perder. Enquanto você brinca de querer conhecer o mundo, eu tento sair dele. Cada minuto que passa, é arrancado um pedaço do coração. Já arranquei os olhos. Nem sei mais o que é ter alma. Sou monte de carne ambulante.
Não existe mesmo amor. Vou cair no ceticismo pra ver no quê que dá, ou melhor, vai dar em nada mesmo. Não vou dizer que não pode ficar pior do que está, porque pode ficar sim! Fui amaldiçoado. Estou acalentado na aspereza da infelicidade. Cada rosto que passa só serve para fazer volume na memória, não no coração.
De qualquer jeito, estou sempre lá: suspenso no ar, livre para invadir o seu mundinho com minhas incompreensões e preso em um pesadelo que não acaba.
É isso! Estou vazio. Desacreditado do encantamento humano. Não tente me fazer mudar de ideia. Sou instável, não perca seu tempo. Eu já perdi o meu.
E não existe mais amor. Como se você se importasse... Ninguém mais se importa!
Leandro Lima

domingo, 13 de dezembro de 2009

Acreditar Sempre




Nunca achei que minha vida fosse ficar do jeito que está. Mentira, sempre achei sim. Pelo menos eu achei alguma coisa dela. Nela. Abdiquei dos círculos para continuar na liberdade. Até o oceano tem beco sem saída. Nunca aceitei a definição como modo de vida. Caio na indefinição. Sou previsível somente na dor. A tristeza é coerente, a alegria não. Na alegria passamos sem pedir licença, na tristeza pedimos desculpas.
Nunca tive estilo próprio. Nunca fui de escolher roupas da moda nas lojas; elas me escolhiam sem muita conversa pra bancar. Sempre fui verdadeiro e acabei perdendo algumas pessoas por causa disso. Quem foi sincero comigo acabou se perdendo. Perco-me na sinceridade, dessa tenho medo. Sinceridade nunca me promoveu, pelo contrário: rebaixou-me, terminou, foi embora, chateou, ironizou... Sinceridade é como: “aguenta sem gritar!”.
Minha pior parte vive no passado. Quem não vive? A minha melhor parte vem depois: quando você chegar. Sou dois quando amo. Quando não amo, sou todos para não me sentir sozinho. Não tenho muitas histórias para contar. Minhas histórias não são para convencer, para comover, para fazer chorar. São simples histórias complexas descabidas de aventuras. Sou padrão aos seus olhos, do sorriso faço festa, na alma sou repouso e no coração faço bagunça.
Todos os dias somos destruídos por palavras, por gestos alternativos à bondade. Doença é não perdoar, não esquecer as mágoas, viver da tristeza. Se isso não for doença, no mínimo, vai dar nela. Vai alimentar coisa ruim?! Boa sorte e não conte comigo!
Algumas mãos esmagam nossas virtudes por uma falha encoberta. Uma falha. Falta vontade para prosseguir. Sobra fraqueza para desistir. Tenho uma amiga que já não tem mais jeito. A desilusão tomou conta dos ombros. Ela não tem mais mão para estender. A boca costurada, peito fechado, olhos soldados... Tenho medo dessas pessoas. Elas já estão meio mortas. Elas não vivem e nem sobrevivem: tentam não se enterrar a cada dia que passa. É diferente. Minha indignação é pelo ceticismo, não pela escolha de como viver depois da chuva.
Acreditar sempre. Melhor iludido do que amargurado.
Leando Lima