Com muita tristeza...
Não há caminhada que dê jeito. Não há receita da vovó ou macumba louca que nos fará ficar juntos. Nossos objetivos se perderam de vista, fomos à falência. Somos completamente distintos. Perdemo-nos em meio a ataques violentos com as palavras. A mágoa permanece para diminuir todos os motivos que tínhamos como aliados. Decreto a morte de mais um Amor.
Existe um protocolo amoroso a se seguir, uma linha de entrega e ajustes a se fazer para não perder a admiração. Ao longo do caminho, perdemos a noção do que é certo e melhor para o relacionamento, confundimos o melhor com o certo e acabamos errando a mão, erramos na dose. Transborda. O coração falará mais alto. O coração não pensa, só fala, manda. Qualquer ciúme ou sacrifício que ultrapasse a linha do preferível passa a ferir o espaço do outro e começa o corte na pele. Sucessivos cortes que afastarão dois corações. Começa, aí, o estremecimento do sentimento.
O que você achava que duraria uma eternidade passa, agora, a ter o tempo contado. Deixará de existir um pouco a cada dia, (porque ficar junto não mostrou o contrário). As ligações não mais virão ao meio-dia, os apelidos carinhosos serão extintos, passará a ser chamado pelo nome de batismo: como um desconhecido. Nem chegaremos às cartas. Ficaremos somente nos bilhetes com frases pela metade, com a letra com medo da mão, com medo de escrever mais do que suportaria o coração. Com medo do beijo que se tornou dispensável. Restarão as músicas para lembrar.
Tudo veio de encontro às hipóteses: virou certeza. A certeza da incompatibilidade. Uma Teoria da Conspiração que invalida todo o resto. Nada mudará a ordem das coisas, nem chá, nem chuva, nenhuma lágrima limpará o nosso nome.
Não dará outra: as coisas começarão a se perder. Você já perdeu amigos, perdeu o sono, perdeu a paz, o sossego, perdeu os modos. Você afundará nos próprios erros, porque amar é um erro. O melhor erro a se cometer. Você passará de um lindo poeta a um insensível monstrinho, por não mais querer mastigar a repetição, a impossibilidade da tentativa. Suas palavras não serão mais suficientes. Seus atos se esconderão na primeira gaveta que encontrar. Suas atitudes não chegarão a falar mais, você ficará mudo, uma porta. Fará cirurgia para remover a dor do peito. Removerá o nome dela do telefone. Criará armadilhas para assassinar o cheiro das roupas. Será insuportável. Não encontrará saída, será indiferente, começará a suportar a perda porque não há mais uma solução querida. Desistirá do papel.
Algumas pessoas não são feitas para nós. Teremos que aceitar o retorno para casa que é sempre amargo. Restará a desistência como forma de começar algo novo. Abandonar o que já não serve, serve. Apazigua o coração, acalma a alma, diminui o inchaço.
Ficaremos bem. Todo mundo fica bem. Não há dor que não possa ser curada com o tempo. Todo amor diminui com o tempo. É uma regra. E sem exceção!
O que não é revisitado morre. Não chegaremos aos 202 anos.
Leandro Lima