quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Ano Novo




Mais um ano para tentar sobreviver. Para se viver. Teremos mais 365 dias para tentar encontrar o que não encontramos em 2009. Ou se livrar, sei lá! Cada um sabe o que carrega ou que quer carregar. Mais 365 dias para tirar do papel os projetos que, por algum motivo, não deram certo no ano que se passa.
Dois mil e nove não foi de todo ruim. Você deve ter tido algumas felicidades. Deve ter dado umas boas e gostosas gargalhadas. Deve ter chorado. E muito. Deve ter se frustrado, se apaixonado. Deve ter desistido, reatado, voltado à infância, sei lá! Muita história pra contar.
Deve ter “perdido a cabeça”, se arrependeu da atitude impensada, se rendeu, deu o braço a torcer. Deve ter conhecido um outro lado da vida que, até então, não conhecia. Você deve ter perdido algumas canetas, deu alguns presentes, recebeu alguns presentes. Deu beijos apaixonados. Desapaixonou-se pela falta de um beijo.
Deve ter apanhado o ônibus errado, entrado no “shopping” sem ter o que fazer. Você deve ter ido várias vezes ao cinema sozinha. Deve ter ido passear para não surtar com lençóis limpos demais. Deve ter conhecido lugares novos, rostos novos. Deve ter colocado a mão no fogo por um risco que resolveu assumir.
Você deve ter lido o horóscopo pra tentar dar algum sentido ao dias que se tornaram longos de mais. Você ter acreditado em alguma coisa.
Você deve ter perdido alguém.
Você deve ter encontrado alguém.
Você deve ter andado por terras que não acreditada que poderia pisar.
Deve ter comprado um carro, escolhido a roupa errada, encontrado um amigo das antigas sem saber o que conversar. Você deve ter bebido mais do que a conta lhe permitia. Você deve ter mentido, iludido, quebrado algumas promessas, feito outras promessas.
Você de ter vivido muitas loucuras. A vida é isso.
É hora de rever os conceitos. De inventar outras esperanças. De ter esperança. De acreditar que podemos ser melhores do que tentamos ser no ano que se vai.
Novas “saideras” com os amigos acontecerão. Novos amores virão. Novos amigos aparecerão. Quem sabe um emprego novo?!
Viagens para uns, muito trabalho para outros. Feriados para se aproveitar, muito filme pra assistir. Muita música pra ouvir, muita história pra contar.
Amor, saúde e paz.
Até 2010, meus amigos...
Leandro Lima

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

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Vou ser redundante, mas preciso externar o que o coração só fala pra mim.
A falta de encantamento me aprisiona em um ceticismo irredutível. Não consigo ter paciência em acreditar. Estou preso na minha própria verdade infundada, modificada e distorcida. A sua deve, sem dúvida, ser assim, também. Nada, além disso, afora o pensamento. As pessoas andam vazias, são ambulantes passivos da obrigação que é viver.
Ninguém mais tem brilho. Os sorrisos estão mais desconfiados do que as sombras que os cobrem. Olhares sinceros não existem mais. Qualquer demonstração de carinho segue sem acreditar que pode valer mais que um dia útil, que pode ser mais que isso. As pessoas significam muito pouco. As coisas valem mais que ouro.
Algumas pessoas andam se preocupando demais com o moralismo de outras pessoas, enquanto deveríamos nos preocupar pela falta dele. É a falta que preocupa e o exagero que grita. E ri. Ri da grande palhaça que o mundo está se tornando. Da grande palhaçada que é!
Alguns corações não se encontram mais. A presença se torna cada vez mais dispensável com internet no bolso. Os encontros são marcados por rostos que não são verdadeiros, ou ,no mínimo, diferentes; mal sabemos o sobrenome. Do beijo pulamos para a cama e da cama já pulamos para outro corpo. Nenhum corpo é lugar de repouso constante. O constante são nossas mudanças de ligações. Ninguém sabe mais o número do fulano, ou da fulana, de cabeça, deixamos que a agenda do telefone se encarregue de lembrar quando for preciso. Se o telefone não ajudar o MSN resolve. Pergunta pra um amigo se ele sabe o número decorado! Duvido.
As mãos se encaixam somente no passeio armado do cinema. Fora dali, continuamos sem que conheçam os nossos segredos e os nossos medos. Conheceremos todo o lado brilhante do indivíduo no início, mas o lado escuro não terá tempo para aparecer: já estaremos longe refazendo as frases para um beijo na mão.
Estamos vivendo num mundo de zumbis. Pessoas sem vida que querem ter vida sem saber o que é viver. Amar, então, passou longe...
Leandro Lima