sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Quase



L.G.


Você foi quase a minha certeza, a minha ternura. Você foi quase minha felicidade, meu repouso.
Eu quase estive certo com você. Quase consegui transformar o céu em verde. Quase te chamei de “amor”.
Eu quase toquei a tua mão. Quase te escrevi uma carta. Quase aprendi a escrever teu nome.
Eu quase consegui entrar no teu coração (fiquei em frente à porta). Quase aprendi a te ligar sem consultar a agenda.
Eu quase estive perto de você. Quase nos beijamos. Quase trocamos olhares. Quase aprendi o caminho da tua casa.
Quase descobri que cheiro você tem. Você foi quase a melhor coisa que já me aconteceu. Fui quase engraçado. Quase amável. Quase bom. Quase o suficiente.
Fui quase gentil. Quase uma palavra. Quase diferente. Quase único.
Quase inventamos um amor. Enfim, eu quase me apaixonei por você.
Só não posso dizer que a saudade é quase, essa é a única que está completinha.
Leandro Lima


terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Desculpa?




Voltamos à estaca zero. Voltei, na verdade. Pra você não significa algo. Você continua sem se dar a mínima.
 Fiz o que não devia ter feito pela estúpida pressão no coração de querer tudo para ontem. Parece que não é assim! Só aprendemos a lição depois, não durante. O erro parece que pega uma carona pelo caminho mais curto e chega rapidinho. O acerto veio de ônibus e ainda pegou o ônibus errado; deve chegar amanhã...
Não se é inteligente quando se está apaixonado. O apaixonado se torna egoísta, cego, imaturo, embora pareça um paradoxo conseguir gostar do outro. Mas o que importa é alimentar seu próprio sentimento. Surtamos pela saudade remendada, comprimida. Pela fraqueza de querer. Você não precisa do outro, acha que precisa, mas não precisa. Esse é o primeiro passo para ficar com alguém.
Criamos necessidades fúteis por uma fantasia capenga conhecida como 'carência'. Queremos o outro em tudo, queremos a aprovação, sorrisos 24h, ligações repetidas...
Com isso, cobramos o que não foi dito, o que era pra ter sido dito e ficou na vontade. Cobramos o que não precisamos e esvaziamos o outro da admiração. Toda a admiração se perde pela ‘inquietação’ das mãos.
Cobramos o que gostaríamos de ouvir e não o que o outro tem para falar de verdade, mesmo que pouco. Não queremos o pouco. O pouco custa nada, o tudo não é suficiente e o 'para sempre' já não funciona.
Cobramos ser preenchidos completamente por alguém que não consegue ser 60% pra si, imagina pra gente. Forçamos situações que não deveriam estar no cardápio da conversa. Exigimos explicações do que não aconteceu e mais detalhes do que não nos diz respeito algum. Tornamo-nos infantis. Voltamos à chupeta...
Começamos a roer a corda que segurava o céu. O paraíso perde a intenção. O sol não aquece. O vento corta. As promessas se tornam ameaças.  Vamos perder.
A sede pelo controle da situação estragou o seu descaso pelo acaso. Não há segurança ou controle quando se fala de relacionamentos. Por quê? Porque o amor é sacana. Não existe chave que coloque o outro como exclusividade nossa. Não há garantia. Nenhuma.
Começo o caminho de volta. Não vou insistir no que não quer ser conquistado. Vou perder tempo queimando ideias que não me correspondem. A vontade de um conquistar não vai conseguir vencer a armadura do outro.
Suspeito que ficar com alguém seja uma questão, quase que irônica, de sorte.
Apaixonar-se é um ensaio torto e exagerado para o amor.
Obs.: Desculpa qualquer coisa...
Leandro Lima