sábado, 28 de novembro de 2009

Presente Para Você




Vou dá-lo a você, mas não ache que é seu. É apenas um empréstimo, só vou deixá-lo com você. Você pode usar do jeito que quiser e como quiser. É quase seu. Pode mostrar para todo mundo, só não tem como modificá-lo. É impossível mutá-lo. Já está pronto para uso. É exclusivo seu.
Muitas pessoas não o sabem usar, espero que você saiba. O problema é que não vem com manual. Nenhum desses modelos tem manual. O manual é a própria experiência errante e, mesmo assim, digo para tomar muito cuidado pra não quebrar. É um presente muito valioso.
Pode repintá-lo, pode colocar apelidos, pode colocar outras roupas. Adesive-o com o seu nome. Mas lembre-se: você deve alimentá-lo todos os dias e levar para passear. Não sei por quanto tempo ele será seu. Isso dependerá do próprio tempo de vocês, das mudanças de humor, do clima nas conversas, dos passeios, da tristeza e da alegria contidos.
Os amigos que temos também ajudarão nessa criação. Às vezes ele te deixará louca. Ele vai sumir, vai aparecer todo sujo, surrado pela diferença temperamental ou pela significativa semelhança e vai pedir desculpas. Ouça-o. Ele terá uma boa história pra contar.
Ter um bicho assim dá trabalho, mas vale o risco. Não se assuste com o que ele é capaz de fazer, ou assuste-se, se quiser, você não vai acreditar mesmo... Ninguém acredita que ele existe. O teu sorriso será, sempre, o objetivo dele. É de dar medo, mas você pode ter um. Não é uma oferta; é um depósito. Ele ficará em você. Permanecerá em você. Será a sua pele. Será a minha pele na sua.
Algumas noites você vai ficar sem dormir, vai ligar para os amigos e perguntar se ele anda por lá. Vai querer conversar sobre ele e como ele te intriga. Como é louco. Como te faz bem. O desespero baterá a sua porta, pela ausência, porque você já terá um laço afetivo imensurável e indestrutível.
Você vai surtar por ele. Ele vai aplaudir. Você se perderá. Ele se achará por você. Em você.
O trabalho será pequeno perto de todo o carinho que ele tem pra te dar. Reforço que poucas pessoas têm um desses. É uma dádiva com uma prece um pouco torta, curta para não entediar, mas sincera. Já o deixei com outras pessoas, mas não conseguiram a façanha de aceitá-lo como seu. Tive que passar pra buscá-lo. Algumas acharam muita responsabilidade ter um, outras, ainda não aprenderam a usá-lo. Nunca aprenderão.
Ele passou um tempo triste pelo costume de ter vivido alguns bons momentos e ter sido deixado na esquina, mas aprendeu a correr direito atrás da bola. Ele obedece. Raramente se descuidará da sua companhia. Quando você chamar, ele aparecerá voando. Vai te dar todo o carinho que você merecer. Ele vai te esperar o tempo que for preciso pra acordar aos domingos. Ele estará ao seu lado no piores momentos. Ele nasceu pra isso.
Esse presente é seu. Cuide como se fosse a sua vida, porque, em algum momento, será mesmo.
Qualquer dia entrego a você, mas não tente se preparar. Não há preparação pra ele. Pode ser quando você não o merecer, ou até mesmo quando eu não o quiser te dar... Toda preparação é quase um caminho inverso ao que você se deparará. Ele vai chegar quando você estiver de chinelos, tomando leite com cereal.
Dica: não é um cachorrinho... Aceita?
Leandro Lima


quarta-feira, 25 de novembro de 2009

E A Busca Continua...

 

Precisamos conversar. Desengatar as palavras atrasadas na garganta pode ser uma boa carta de desabafo. Meu mundo sucumbiu. Perdi o significado de certas coisas.
Não acredito que falhei com você. Depois de todos esses anos a vida não ressurge. Não se renova. Uma busca desenfreada por algo que nunca teremos compadece de desejos.
Preciso de uma razão pra me refazer, me dê um bom motivo pra isso, vamos! Quero poder aparar as arestas dessas idéias malucas e compreender como algumas coisas não funcionam, ou só funcionam pra algumas pessoas.
Não estou pronto para partir. Não há preparação na despedida. Imagina a repercussão de uma despedida. Agora você não sentirá a diferença, mas quando olhar para o lado e não me encontrar... Aproveite para nutrir a alma com os meus gestos e nunca os esqueça, eles te mostrarão exatamente o que você não pode ser.
Algumas partes dessa história vou deixar pra trás, vou rever conceitos, reaver sorrisos, comprar outros conselhos, inventar lembranças, destruir preconceitos, criar outros caminhos.
Mostre algum respeito pelo meu semblante. A busca continua para todos nós. Somos poderosos demais para não encontrar o que tanto buscamos. Temos inteligência suficiente para sermos imaturos. E somos imaturos o suficiente para ainda acreditar no amor... Não existe inteligência na dor. Ficamos desprovidos de sensatez na tristeza. A sorte também conta muito durante a festa.
Está ouvindo? Algo se aproxima da mudança. Porque a sorte não costuma mudar; ela dá um tempo no tempo e volta pra retentar o acaso.
A nossa busca é, sim, uma batalha infindável pela felicidade e chegar até ela é quase sorte. Ou algo parecido.
Leandro Lima