Pensei no tempo e o perdi para o relógio que fugiu com os ponteiros. Passou dando “tchau”. Foi-se.
Pensei na vida e não me contentei com a pergunta que ficou sem resposta para me calar.
Pensei no amor e me frustrei. Abandonou-me. Na verdade, eu o abandonei por ser covarde. Por ser egoísta... O amor não nos abandona; nós o abandonamos por incompetência.
Pensei em ser criança e a responsabilidade de ter que ser “gente grande” puxou minha orelha e levou a vontade de andar de bicicleta.
Pensei em chorar, mas as lágrimas se negaram a continuar lavando o rosto pelo mesmo motivo calcificado que me esmaga o coração.
Pensei na morte que me sorriu cortando os dentes e querendo a alma assim que eu virasse as costas.
Pensei em fugir, mas a realidade me trouxe de volta para casa de roupa trocada.
Pensei no mundo lá fora e voltei pro quarto envergonhado do que vi.
Pensei nas oportunidades que deixei passar pelo medo e rasguei a raiva com as unhas.
Pensei nos amigos que perdi para aprender que vivemos pela metade sem eles.
Andei pensando nas coisas, mas dei um tempo no pensamento pra não perder a graça de viver.
Fui ali: viver.
Leandro Lima