Até onde iremos pela sinceridade? Por qual motivo cobramos tanta sinceridade? Pelo prazer contraditório de se satisfazer de honestidade?
Ser sincero não abriga mais honestidade; traz a mágoa nas mangas, apenas. Dane-se a consciência! Vou continuar dormindo entre os meus conceitos. E de coração puro. Não falar o que penso não me torna menor.
Perderemos a compostura, perderemos os amigos, perderemos o amor. Perderemos o juízo diante da verdade. Não há verdade que seja absoluta, nem a verdade se suporta, por que nós a suportaríamos? Sinceridade é revirar a casa, deixar de pernas para o ar por causa de um grampo. Vai bagunçar a casa por causa de uma meia velha? Prefiro ir descalço.
Não estamos adaptados para receber a crítica. Dói aos ouvidos. Toda sinceridade vem como um tapa. É um massacre com as palavras: vai doer!
Sinceridade é a violência da honestidade.
Nunca ouvi uma sinceridade contida de desaforo, contida no conforto. Deixa de ser a calmaria. Todas foram fúria, uma tempestade a bagunçar os cabelos e espumar a boca de raiva. Traz saldo, traz cobrança, traz desavença. Veio sempre como uma faca, como um gancho que rasga da boca para o peito. Não consola, esnoba.
Fácil falar em sinceridade, fica difícil para colocá-la em prática e quase impossível voltar com ela pra casa.
Leandro Lima