sexta-feira, 24 de julho de 2009

Recomeçar



Leandro L.


Estranho. É estreitamente estranho recomeçar algo que você sempre quis fazer, mas agora com outras pessoas. É uma segunda chance espremida dos olhos. É a vida te ofertando a possibilidade de lidar mais uma vez com aquilo que você mais gosta nessa vida. O medo toma conta pela constante presença da derrota e fica parecendo que mais uma vez ela vai vencer. Mas não vai! É como tomar sorvete, mas sem saber o gosto. É cheirar sem sentir o aroma. É uma história de amor sem o meio. Recomeço dando chances às comparações que se tornam inevitáveis. Observo tudo com muito cuidado para parecer outro, sem pecado. É uma conspiração do universo ao meu favor. Outra oportunidade para fazer, de outra forma, as coisas que eu julgava certas e que caíram por terra. Outra oportunidade para eu conquistar o que eu achava que era meu, mas era emprestado. Mais uma tentativa respirando outras ideias. Sou a única testemunha do crime que me aconteceu. Ninguém quer saber o que carrego nas costas, se consegui ou não. Descarrego o peso dos ombros na esperança de conseguir cumprir essa tarefa. As coisas acontecem por acaso sim e algumas outras são para sempre e se eternizam na memória. Os meus amigos podem hoje não ser mais os meus amigos, mas continuam aqui no peito por termos tentado o mesmo sonho juntos. Outros possíveis amigos aparecem na estrada da vida para tentar de novo e mais uma vez outras novas aventuras, outras loucuras. Muitas coisas virão, outras viveremos, muitas outras serão ditas, explicadas, externalizadas, exploradas, revividas... As coisas se renovam. O que eu disse ontem com toda a convicção do mundo pode não ser a mesma que eu afirmo hoje. O que escrevo hoje pode desmentir o que escrevi há uma semana. Assim são as coisas. Vivo hoje para mentir amanhã. Durmo amanhã para sonhar hoje, porque amanhã já não vai dar mais. Amanhã pode ser tarde. Meu sonho é algo que ninguém pode tirar de mim e posso fazer dele o que bem entender, ao contrário do meu amor. Amar depende. Amar dá trabalho e custa suor. Mas sonhos são imortais, são nossos. Só morrem se a gente permitir e dependem da gente para existir. O meu sonho “tá” aí de novo, novinho “em folha”. Vou ver o que ele vai escrever em mim desta vez.

Um comentário:

Anônimo disse...

Leandro, isto foi perfeito pra mim agora.
Afinal volto pela trilha do fracasso para seguir o caminho da vitória.
Obrigado.