domingo, 7 de março de 2010

Quando Não Se Sabe Para Onde Está Indo



Toda vida daria um livro? A minha, definitivamente, não.
Um romance, uma biografia, auto-ajuda, nada disso. Nem um livro de piadas eu conseguiria ser. Nada. No máximo, conseguiria ser um bloco de recados: “Fui ali”, “Já volto”, “Não sei se volto”, “Valeu!”, e com, no máximo, dez folhinhas para não entediar.
Sou para casar, mas não estou para o enlace. Não tenho família, mas faço questão da dos outros. Prezo a amizade como forma de vida. O Amor já é a vida.
Ainda não alcancei o sucesso profissional. E daí? Tem gente com 40 anos que ainda não conseguiu. Ainda não conquistei uma mulher pela alma. E daí? Tem gente que não tem alma. Ainda não consegui o que desejo. E daí? Tem gente que nem sabe o que desejar.
Sei muito bem o que quero de fato. Tanto sei que faço questão de querer saber outra coisa para me sentir menos assustado com o mundo. Ou melhor, com as pessoas. As pessoas estão do avesso, o mundo, não. O mundo nada tem a ver com a falta de Amor. Em todas as suas formas.
Quando não se sabe para onde está indo qualquer lugar serve – já dizem por aí. O coração aceita qualquer abrigo. Qualquer onda de diversão encaixa perfeitamente na cintura e serve para aliviar a pressão nos ombros. Tenha sempre uma via de escape.
Os amigos que achei que fiz se foram. Amores não voltaram para rever a história. Perdi um amor e nem pude guardá-lo na amizade. Se morresse hoje, nem dívidas eu deixaria. Seria um sopro no vão. Um beijo no espaço. Nada aconteceria. Morrer é piada sem graça, bem mal-contada.
Sou um fracasso total na alegria, não tenho como bancá-la. Sou um milionário somente na tristeza.
Chorar é sorrir com a saliva nos olhos.
Amo a prazo, bem parceladinho. Um carnê cheio de folhas para não me preocupar. Deve ser algo menos doloroso. Rir no desespero é inventar uma alegria. Uma alegria que não existe e que nunca existiu.
Posso olhar para o passado e ver todas as oportunidades que deixei escapar. Se me perguntar se me arrependo de alguma coisa, a resposta será ríspida: “Sim, de muita coisa”. Beira a arrogância dizer que não.
Somos orgulhosos demais, esnobes, insensíveis, imaturos e inconsequentes para certos assuntos. Para outros, viramos um cachorrinho, agarrado na perna do outro. Não largamos. Tendemos a achar que o outro é nosso, que as coisas são nossas. Possessivamos tudo: meu, meu, meu. “Meu carro”, “meu namorado”, o “meu amor”, o “meu lugar”...
Não largamos certos sentimentos por achar justamente o oposto do óbvio, do que deveria ser achado. Está na cara que já não funciona mais. Larga e aguenta calado, oras! 
A cegueira toma conta, já não se ouve mais, estacionamos no meio do parque para não pensar. Não há o que se pensar, se pensarmos, desistimos. Pensar é quase sempre desistir. Abandonar o que já não serve ou o que serviria muito bem.
Somos crianças brincando de viver.
E nunca aprendemos a lição.
Leando Lima

5 comentários:

Nayane disse...

Puxa, parabéns pelo texto, autêntico e exato, no melhor sentido da linguagem. Gostei do seu blog. Abraços!!!

Anônimo disse...

Claro e impactante. Adorei o seu texto e o blog.

Anônimo disse...

UAU! é tudo o que tenho a dizer! Acho que já basta...

Parabéns pelo blog
^^

Anônimo disse...

Mtoo boomm.. vc escreve exatamente tudo oq é bom de ler..
eu adoro seu blog..
Beeijos sucesso sempre!

CamilaPereiira disse...

Mtooooooo bom, adreii o textoo e seu blog, simplesmente perfeitos!