quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Aviãozinho de Papel



Fiz um aviãozinho de papel. Deixei o ar desembaraçar os olhos para sonhar. Meu coração é um aviãozinho de papel que viaja por aí tentando encontrar um passageiro fiel entre tantos rostos amaldiçoados.

Fiz escala em um sorriso que se perdeu das nuvens em um dia de sol. Minhas mãos são asas na superfície do teu corpo coberto de mistério. Uma criança quer brincar; eu brinco de ser criança. Voltei dessa viagem com as malas vazias, com nada para contar a história. Minhas lembranças é que vão tentar a história daqui a um tempo... O tíqueti chamado "sentimento" ficou com a moça da recepção que desagendou a hora. As roupas me traíram e me desejaram “boa sorte” na despedida. Estou quase em casa. Ou algo parecido com isso.

Meus pensamentos são quebra-cabeças que não se encaixam. Sonhar não se encaixa em convencimento. Não preciso convencer para sonhar. Sonho para desconvencer o que está pronto. Reinvento o meu aviãozinho de papel para retornar para casa como novo. Não me permito me repetir, mas continuo sendo o mesmo.

Um olhar apaixonado segue um sorriso sincero. Vou desajustar todos os relógios para me preocupar com o tempo. O tempo que me perdoe, mas ele não cura todas as feridas. O amor vai ter que aceitar: mas ele não supera tudo. E é uma regra que nem toda regra tem exceção e todo mundo é substituível. As borboletas não voltam para o mesmo jardim; elas vão voar em outra vizinhança. Aqui não é novela onde tudo acaba com um "happy end", na verdade, quase não existe o "happy". O "end" é inevitável.

Chorar já não faz parte dessa peça. Vou criar outro roteiro com personagens bem loucos. A loucura me conforta. Os loucos são mais felizes, mais alegres, têm histórias intrigantes para contar.

Minhas palavras buscam outras palavras para formar outro corpo. Os dias já são outros, os outros passaram a ser dias que desaparecem em questão de horas. Quando se viaja com os freios ligados dá nisso, pois é difícil dizer que se ama alguém. Mas é mais difícil, ainda, dizer que não.

Perdi o avião.


Leandro Lima

2 comentários:

Patrícia disse...

"...O tempo que me perdoe, mas ele não cura todas as feridas. O amor vai ter que aceitar: mas ele não supera tudo. E é uma regra que nem toda regra tem exceção e todo mundo é substituível. As borboletas não voltam para o mesmo jardim; elas vão voar em outra vizinhança. Aqui não é novela onde tudo acaba com um "happy end", na verdade, quase não existe o "happy". O "end" é inevitável.
" ...é a mais pura verdade!

Me desculpem aqueles que dizem que o amor é cego...o amor enxerga tudo apenas tolera algumas coisas com medo da solidão.
Mas eu ainda acredito que existe o 'happy'....o 'happy' está na coragem de continuar sonhando.
Um beijo.

Maryama* disse...

"...O tempo que me perdoe, mas ele não cura todas as feridas. O amor vai ter que aceitar: mas ele não supera tudo. E é uma regra que nem toda regra tem exceção e todo mundo é substituível. As borboletas não voltam para o mesmo jardim; elas vão voar em outra vizinhança. Aqui não é novela onde tudo acaba com um "happy end", na verdade, quase não existe o "happy". O "end" é inevitável."

Devo concordar com a patrícia e sobressaltar esse trecho.

LINDO*