domingo, 12 de julho de 2009

Reencontro


Hoje puder ver, de uma outra perspectiva, o lugar que ocupei ao lado de alguém. Pude constatar como é ser cúmplice do crime que é ser deixado pra trás, ser esquecido, ser enterrado vivo. Foi estranho, arrasador e de certa forma esclarecedor. Falta palavra pra definir a sensação de ver a cena na qual já fui personagem um dia. É ver a peça sendo refeita, mas com outro ator. Com outras falas, com o enredo trocado, com holofotes apagados e com as cortinas encardidas. Ver a pessoa por quem você foi loucamente apaixonado um dia com outro é no mínimo um assassinato. É morrer duas vezes, é morrer de novo. É um sofrimento retirado da geladeira, requentado no microondas e saboreado sem um suquinho pra acompanhar... Alguém consegue ouvir? Alguém consegue sentir? Não. É o um desacato ao coração ter que presenciar o que você achava que estava resolvido pelo tempo. E está! Ela está pra lá, vivendo a vida dela pra lá e você vivendo por ela aqui, chega a beirar a estupidez. Milhares de anos depois e ela ainda é tema central das minhas conversas por aí pelos cantos da vida. É uma corrente presa pelo coração direto do pensamento que me impede de prosseguir. É o meu mostro do armário. É a conta de matemática que não consegui resolver. É o café que ainda não aprendi a fazer. É a música que nunca consegui parar de cantar. Está intrínseco. É engolir calado e sentado em área VIP cada gesto, cada palavra, cada verdade que você achava inquebrável e ainda bater palmas na final do “show”. Mas valeu! Valeu à pena recordar de uma época em que se tinha forças pra fazer qualquer coisa, pura e simplesmente por estar apaixonado e o mundo tinha bem mais do que duas cores. Valeu relembrar que quando eu pensei em desistir não me foi permitido. Valeu relembrar de todas as coisas vividas e contadas, que hoje me fazem ser quem sou mesmo com todas as dúvidas impertinentes, com todas as convicções adquiridas e mutadas, com todas as desventuras arquivadas na memória. Mas essa dívida eu já paguei. "Tô" em dias com a consciência e de coração limpo. "Tô" pronto para me endividar novamente. Prefiro entender que algumas coisas nunca chegam a um fim. Só se torna o momento de começar outras coisas por outros caminhos. Mas valeu! Impossível esquecer o que um dia nos fez tão bem. Impossível!

Leandro Lima

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