É na ausência que você vê melhor.
Isso! É na ausência que você reconhece o rosto. É quando não se está lá que
você percebe a mudança. A presença sempre esteve a sua frente e você nem
precisava olhar para confirmar. Estava lá e ponto. Um sossegado conformismo.
Quando o outro se vai é que você passa
a reconhecer a área. Um quarto pode virar uma prisão. Os animais de estimação
podem virar inimigos. A cama vira um lago: você consegue contornar, mas será
fundo, terá medo de deitar por medo de ter desaprendido a nadar. Você acha que
desaprendeu as coisas.
Parece que o silêncio ficou mais
alto, latente. As coisas dela ficaram como armadilha. Os sapatos, que você
tanto brigava, porque ficavam solitários pelos cantos, serão os mesmos que você
terá o orgulho de guardar de volta no armário. [Agora você sorri porque ela previu,
ela estava certa e você errado. Agora tenta guardar a saudade junto com o
sapato. Você erra para que ela continue sendo o acerto.]
É na ausência que vem a certeza.
A certeza de que, entre milhões de pessoas no mundo, existe uma que faz o seu
mundo parar quando ela não está por perto. Você inventa um lugar que ninguém
mais conheça para afastar o tédio, lê um livro, faz um rabisco, ouve qualquer
música. Qualquer música serve para chegar até ela.
Você sai confessando pelos
cantos, sussurrando com as paredes, contando os passos, os dias. Pede perdão
sozinho pelo que nem cometeu para que continue merecendo. Você sente uma
estranheza pelo mundo, um mundo que ficou menor sem ela.
O mundo ficou maior e nem por
isso tem mais sentido. Você fica no automático, anda como um guarda-chuva num
dia de sol: com vergonha de ser notado. Compra mentos para senti-la mais
perto. Ela adora balinhas...
Você gostaria que ela estivesse
aqui. Mas nenhuma tristeza virá, não haverá saudade que vença esse amor. Ela
sempre estará aqui. De um jeito ou de outro, ela estará aqui.
Você agora faz o mesmo ritual que ela: devorar dez balinhas como se não houvesse amanhã. Você, que levava uma eternidade com um simples pacotinho...
Vou ali comprar um pacotinho de mentos. Meu amor tem sede.
5 comentários:
Amor, eu sinto tudo isso aqui nesse quarto, sozinha, sem conseguir dormir ansiosa para o dia amanhecer e o tempo passar para nos reencontrarmos! Me emocionei, meus olhos encheram de lágrimas, mas de alegria por ter vc e por ser assim tão recíproco, o mesmo sentimento em duas pessoas! Amo vc por d+! dia 9 já tá chegando, é nosso aniversário!
obs: pensando em vc eu não deixo mais os sapatos nos cantos, eu guardo pq sei que não gosta!
beijos
Muito lindo seu texto..
Vc tem o dom de escrever profundamente e, ao mesmo tempo, com tamanha simplicidade..
Já tava sentindo falta ^^
Felicidades pro casal!
A cama vira um lago: você consegue contornar, mas será fundo, terá medo de deitar por medo de ter desaprendido a nadar. Você acha que desaprendeu as coisas.
É lindo sua forma de sentir ousar a transformar seus sentimentos em palavras, creio que as palavras liberta oque há de melhor em nosso ser lindo d+ bjos! Estava com saudades de visitar seu blog...
Que liiiindooo! Nunca mais tinha entrado por aqui e pelo visto vc tbm não haha Bom demaaais! Vamos atualizar heeein
Bom post
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