terça-feira, 7 de julho de 2009

“Amigo de telefone”

Leandro L.


Dedico esta ao meu amigo “Pedro”, meu “amigo de telefone”. “Pedro” é um cara normal, trabalha, estuda, namora, tem problemas como qualquer jovem de vinte anos. Mas o que intriga e chateia é a capacidade de o “Pedro” conseguir gostar da “Júlia” como se ela fosse a única coisa que importa nessa vida (posso citar pelo menos umas cinco que são mais importantes) e esquecer a sua própria vida. Esquece dos seus próprios desejos, das suas próprias vontades, dos seus próprios amigos! É triste ser conjugado por esse verbo: você foi trocado! Você passa a ser um amigo-reserva. Na vida não podemos trocar pessoas por outras, era para ser crime, era pra ser inconstitucional, inafiançável. Ainda mais quando se trata de amigos e mais ainda quando são amigos a quase uma década. Pois bem, o “Pedro” é um cara bacana, mas quando a namorada está por perto (e mesmo longe) ele não se permite ser ele mesmo. Ele se priva das vontades, dos momentos de lazer que qualquer cidadão deve ter com os amigos mesmo namorando. Ele é meu “amigo de telefone”. A gente se fala, mas só por telefone, e quando a gente se encontra pessoalmente é por tempo limitado, por hora contada, por palavra listada, porque com o “Pedro” é assim e só pode ser assim. Triste. Eu até chamaria o “Pedro” de trouxa, de bundão, de palerma, de burro, mas ela não me ouviria, porque ele deve estar muito ocupado com “outras coisas”. Não sou adepto de que amor tem que ser público, tipo: “Olhem! Esse é o meu amor!”, que deve ser mostrado, exibido em TV aberta. Sou defensor de que o amor deve ser mostrado somente para nós mesmo, pois ele só acontece dentro da gente e quando é verdadeiro dá na vista. E esse mesmo amor verdadeiro não priva as pessoas de seus amigos, faz justamente o contrário: faz questão de que você esteja com seus amigos. É um falso amor, é balela, e nem boi dorme com essa conversinha. Amor de verdade deixa livre. Quero poder gostar de alguém e que esse alguém seja livre em mim e não de mim. Mas sei lá, vai que eles se amem mesmo, embora do jeito pequeno deles, egoísta, fechado, antissocial... Mas continuamos “amigos de telefone”. Éramos. Desliguei o telefone e ela não vai mais tocar. “Pedro” não faz mais parte da lista de contato. Uma conta cancelada. Amigo tem que ser de carne e osso, teti a teti, cara a cara. Caso contrário, acontece o mesmo que aconteceu com “Pedro”: pega as contas.

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