terça-feira, 1 de setembro de 2009

Separo para casar

 
Dia desses cheguei a uma conclusão um tanto quanto reversa. Muitas coisas tendem a seguir um padrão e, dificilmente, fogem disso. Relacionamentos são assim: você conhece alguém, interessa-se por ela (e), apaixonam-se, namoram, vivem um monte coisas, caem na rotina, perdem-se um do outro e acabam terminando o relacionamento (claro que não necessariamente nessa ordem e com muito mais coisas, mas é só um exemplo). Existe esse padrão; do bom para o ruim; da admiração para a falta dela; do amor para a morte dele.
Agora imagina só se pudéssemos fazer o contrário: começamos pelo término, com todas as coisas ruins que, quase sempre, ficam dos relacionamentos. Traição, abandono, mentira, falta de cumplicidade. Falta de amor... Depois experimentamos a rotina: a falta de vontade, de espaço, de companheirismo, de entusiasmo, a perda da admiração. A perda de todas as coisas. E é aí que as coisas começam a se ajeitar. O ruim já foi. Começamos a vislumbrar o outro mais pelas suas qualidades, pelo jeito como fala ou como deixar de falar certas coisas, pelo encantamento que causa quando conhecemos, pelo mistério que é se apaixonar. Em vez do sentimento se perder, ele começa a se encontrar pra nós. Reapaixonamo-nos.
Começamos, agora, aquele momento mágico de suspiros no meio de uma tarde de terça-feira. Só que agora todas as coisas ruins já passaram. Em vez de o amor começar a ser enforcado, ele começa a respirar. Um alívio. Queremos, agora, estar cada vez mais perto e não cada vez mais longe. Pensaremos agora nas palavras que não saberemos espalhar na hora do encontro e não nas palavras que vamos recolher. Em vez de sangrar mais, as feridas só cicatrizariam.  Pensaremos com ar de criança e não com a tempestade que é ser adulto. Nada mais pode dar errado. Seguiremos somente com as coisas boas que ganhamos depois das ruins.
Seria muito louco. Em vez de tentar esquecer, faríamos questão de manter avivada a lembrança. A alma seria alimentada de momentos bons e não de vontades mórbidas. É como achar um pássaro ferido, levá-lo para casa, tratá-lo e fazê-lo renascer. E quando ele se for fica a ternura abstrata que eternizou um sentimento. Já pensou se pudesse ser assim?! 

Leandro Lima 

7 comentários:

Clariinha Santana disse...

Esse texto me faz lembrar muito um dos textos de Chaplin... Muito bom e gostoso de imaginar essas possibiladades! Quem sabe um dia, não?! Beeijo;*

Anônimo disse...

gostei bastante desse texto, as coisas seriam melhores se fossem assim.
nossa você escreve muito bem! gostei muito dos seus textos. gostei especialmente do 'meu tempo de escola' que me fez pensar sobre como eu estou (ou não estou) aproveitando meu tempo de escola (:

Anônimo disse...

Cda dia me surpreendo mais com seus textos...maravilhosos...
Quem dera se realmente pudesse ser assim...em fim, não se pode deixar de sonhar né!?

bjooo

Dois Cafés disse...

Muito bom assim. Acontece quando as pessoas amadurecem um pouco, essa "reordenagem" do processo é possível.

anadessoyweiler disse...

Sabe que já pensei sobre isso, acho que seria bom, muito bom, mas resolvemos quer teria de começar bom e terminar mal. Acho que só há uma forma de mudar isso, renovando o amor a cada dia, mesmo complicado, mas possível. Talvez eu pense assim porque nunca tenha vivido com tamanha intensidade o amor, mas imagino que assim pode ser. Já que não podemos modificar, fazer tudo ao contrário começando pelos desafios para depois as vitórias. Podemos renovar-nos a cada dia, fazendo dos obstáculos vitórias. Fácil dizer:.. Gostei muito do texto:D

Algo de mim disse...

Incrível!
As pessoas deveriam aprender a se reapaixonar!

B. disse...

perfeitooo Leannndro, também penso assim... deve existir mais amor e menos sofrimento, decepção, falta de diálogo, inconpreenção!!!

amar é perdoar!
saber que existe algo maior que a raiva momentanea!

amei :D